Não abandonei Deus; abandonei as grades que colocaram ao redor d’Ele.
Por muito tempo, me disseram onde Ele estava, como Ele pensava, o que Ele exigia. Pintaram Sua face com as cores do medo e da obrigação, e me ensinaram a crer que fora daquele cercado não havia salvação. Eu aceitei, porque era o que conhecia. Segui ritos, recitei doutrinas, fechei os olhos para não enxergar o que não cabia nas regras.
Mas, aos poucos, percebi que as grades não protegiam a fé — aprisionavam-na. Elas não cercavam a Deus; cercavam o meu entendimento sobre Ele. Quanto mais eu estudava, mais sentia que o Criador não precisava dessas fronteiras. Ele não é propriedade de um credo, nem pertence a uma única interpretação.
Ao abrir essas grades, não me afastei d’Ele. Pelo contrário: encontrei-O mais vivo, mais grandioso, mais livre do que jamais imaginei. Hoje, contemplo Deus na ordem do universo, no brilho de cada amanhecer, no mistério que a razão busca e o coração reconhece.
Não foi abandono. Foi reencontro.