Basta estar vivo para que discordem de você


Hoje no trabalho, aconteceu uma coisa que me fez pensar muito. Um colega foi assaltado, e quando comentamos sobre isso, eu disse que essas coisas podem acontecer com qualquer pessoa. Basta estar vivo para estar sujeito a perigos. Mas, para minha surpresa, várias pessoas começaram a dizer que ele devia estar “pagando por alguma coisa”, como se o assalto fosse uma punição.

Na hora, fiquei em silêncio. Sou deísta — acredito que existe um Criador, mas que Ele não interfere diretamente nos acontecimentos do dia a dia. Para mim, o mundo funciona por leis naturais, e as escolhas humanas têm consequências. Um assalto não é castigo divino. É resultado da violência que existe na sociedade, da desigualdade, da falta de segurança.

Mas é difícil explicar isso quando todo mundo quer acreditar que existe uma “justiça invisível” que pune e recompensa. Acho que essa ideia dá conforto. Se acreditamos que só quem fez algo errado sofre, então nos sentimos protegidos. Mas isso não é verdade. Pessoas boas também passam por coisas ruins. E culpar a vítima só piora tudo.

Ser deísta me faz olhar para o mundo com mais responsabilidade. Não espero que Deus resolva os problemas. Acredito que somos nós que temos que agir, cuidar uns dos outros, lutar por justiça. E quando algo ruim acontece, o melhor que podemos fazer é oferecer apoio, não julgamento.

Hoje, mais do que nunca, percebi que pensar diferente exige coragem. Mas também me lembrei de que vale a pena manter a empatia e a razão, mesmo quando a maioria prefere acreditar em algo mais confortável.

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