Descobri um altar silencioso de pensamentos urbanos
Eu sempre costumo sentar num conjunto de cadeira de espera do Metrô na Estação Flamboyant. Mas hoje algo me chamou atenção: Uma cadeira encostada na pilastra da estação. Meus olhos pousaram nela com mais atenção. E foi então que vi uma mancha.
Fica bem na altura da cabeça. Uma marca escura, não é de sujeira, porém de desgaste; ela é quase imperceptível para quem passa apressado. Mas ali, naquele ponto exato, tantas cabeças já repousaram. E com elas, pensamentos, desejos, medos, indecisões, tristezas, alegrias, sentimentos de paixão, esperanças. A mancha não é simplesmente desgaste — pra mim é memória.
Como disse, fiquei imaginando quantas histórias passaram por ali. Gente que encostou a cabeça por cansaço, por tristeza, por distração, por tristeza, paixão. Gente que pensava no amor que partiu, no filho que nasceu, na conta que não fecha, no sonho que ainda não se realizou. Cada toque, cada atrito, deixou um traço de memória invisível, uma camada de sentimento que se acumulou com o tempo.
Pra mim é como se a pilastra fosse um altar silencioso de pensamentos urbanos. Um ponto de encontro entre desconhecidos que, sem saber, dividiram o mesmo espaço e talvez o mesmo sentimento. A mancha é como uma cicatriz coletiva — não dói, mas carrega tudo o que já foi sentido ali.
Sentei alí por um instante e me senti parte. Como se meus próprios pensamentos tivessem sido convidados a se juntar àquele coro silencioso. E deixei ali ao encostar tambem a minha cabeça umas dúvidas, saudades e um desejo. Relaxei por um instante...
Mas o metrô chegou. A estação seguiu segui seu ritmo. Mas a pilastra ficou. E a mancha também. Como um testemunho discreto de que, mesmo nos lugares mais improváveis, há beleza, sentimentos. Há vida. Há gente.
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