Deus tomaria o que perteceria a um povo, expulsaria-os de sua terra, para dar tudo a outro?
Josué 24 é o capítulo final do livro de Josué, onde o líder do povo de Israel faz um discurso de despedida. Ele relembra tudo o que o Deus teria feito por Israel: desde a saída do Egito até a conquista da Terra Prometida. No versículo 13, Josué afirma que Deus deu ao povo cidades que eles não construíram e plantações que não cultivaram — como um presente divino. Essa fala reforça a ideia de que a conquista foi guiada por Deus, e que os israelitas herdaram terras de outros povos por vontade divina.
Como deísta, não consigo associar o Criador com o Deus do Antigo Testamento que interfere diretamente na história humana, muito menos como um ser que escolhe um povo para dar terras que pertencem a outros.
Quando leio Josué 24:13, me incomoda profundamente a ideia de que o Criador teria dado cidades e plantações ao povo de Israel que não foram construídas por eles. Isso soa como uma justificativa para a tomada de terras e a expulsão de outros povos. Para mim, isso não é justiça divina — é uma narrativa humana tentando legitimar a sua conquista.
O verdadeiro Criador, em minha visão, não toma partido em guerras, não distribui territórios, e não favorece um grupo sobre outro. Ele nos deu razão, consciência e liberdade para viver em harmonia. Usar a justiça do Criador para justificar violência ou dominação é distorcer sua natureza.
A justiça do universo está nas leis que regem tudo — como a gravidade, o tempo, a vida. Não está em discursos que dizem “Deus tomou de outro e me deu”. Isso fere a ética, a igualdade e a paz.
Por isso, rejeito essa imagem de um Deus tribal e guerreiro. Prefiro crer num Criador silencioso, justo e universal — que não toma partido a favor de uns em detrimento de outros.
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