Os meios sempre empregados para enganar a humanidade: Profecia, Milagre e Mistério
Eu acredito que as ideias de Thomas Paine são muito relevantes para nós hoje. Estou lendo um dos livros dele, "A Era da Razão". Suas palavras são muito atuais quando ele fala sobre como a religião se sustenta. Quando li o Capítulo 12, refleti bastante sobre a crítica dele a três "armadilhas" que, segundo ele, sempre foram usadas para tirar proveito de pessoas ignorantes e de mentes sugestionáveis: o mistério, o milagre e a profecia.
Para mim, a coisa mais importante que ele diz é que a verdadeira Palavra de Deus não está escrita em um livro, mas sim no Universo, na Criação. A natureza é a nossa fonte de verdade. Eu consigo ver o poder e a bondade de Deus em tudo que existe. E o meu dever, o dever de todo mundo, é simples: imitar essa bondade, praticando a verdade moral e sendo benevolente uns com os outros.
Agora, sobre os três pontos de crítica, eu concordo com Paine em alguns aspectos:
- O Mistério: Paine argumenta que o mistério é uma "névoa inventada pelo homem" para confundir e distorcer a verdade. Eu vejo o mistério como algo que bloqueia as perguntas. Se a religião é para todos, ela deveria ser clara e estar ao mesmo nível de entendimento de todas as almas vivas. O mistério, para mim, só serve para criar uma barreira e proteger sistemas religiosos que "escapam à compreensão humana". Muitos fiéis são ensinados que “não entender” é parte da fé — o mistério é visto como prova de humildade diante de Deus. Isso causa dependência de Intermediários, ou seja, necessidade de padres, pastores ou teólogos para interpretar os mistérios, fortalecendo a hierarquia espiritual, quando na verdade isso é uma ilusão criada pelos sistemas religiosos, a fim de justificá-los. Eu rejeito qualquer hierarquia religiosa. Não acredito que precisamos de líderes ou instituições para nos conectar com Deus. Prefiro usar minha razão para buscar espiritualidade de forma livre e pessoal. Outra realidade ligada ao mistério é a resistência ao Debate. Questionar os mistérios pode ser visto como falta de fé ou rebeldia, o que desestimula o pensamento crítico.
- O Milagre: O que Paine diz sobre milagres é muito forte. Eu acho que ele está certo quando afirma que "é mais provável que alguém esteja contando uma mentira do que a natureza sair do seu curso". Além disso, ele toca em um ponto crucial: se um milagre acontece, minha fé tem que ser transferida para a pessoa que o relata, porque eu não estava lá para ver. Ele diz que o milagre é "o mais equívoco tipo de evidência". E eu concordo: é muito mais seguro e universal confiar em um princípio moral claro do que em um espetáculo visto por poucos. E por último,
- A Profecia: Ele deixa claro que as profecias são a parte que lida com o futuro. Eu concordo que elas são muitas vezes imprecisas, obscuras e ambíguas, de um jeito que servem para quase todas as circunstâncias que acontecem depois. Paine me faz pensar: se o objetivo é comunicar um evento futuro, por que o Todo-Poderoso o faria de uma "maneira zombeteira"? Pois o modo como foram proferidas é tão impreciso e obscuro que quem o ouvisse não conseguiria entender. Ou tão ambíguo que se encaixaria em quase todas as circunstâncias que ocorressem depois. Se um evento "profetizado" acontece, como vou saber se foi revelação ou apenas um palpite que se acertou por acaso?
No fundo, Paine me convenceu aque o mistério, o milagre e a profecia são "apêndices que pertencem ao mundo da fantasia". Eles não são essenciais para a crença no Eterno. Gostaria que as religiões se baseassem na razão e na libertação dessas "redundâncias". A minha crença no Eterno deve ser a coisa mais clara de todas, e não um emaranhado de histórias fantásticas.
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