Thomas Paine e o Questionamento da Verdade Bíblica

Thomas Paine foi um pensador, escritor e revolucionário nascido na Inglaterra em 1737. Tornou-se figura central na Revolução Americana ao publicar Senso Comum (1776), panfleto que incentivava a independência das colônias americanas. Defensor dos direitos humanos, escreveu Os Direitos do Homem em apoio à Revolução Francesa. Em A Era da Razão, criticou religiões organizadas e promoveu o deísmo. Paine acreditava na razão, liberdade e justiça social. Apesar de sua influência, morreu em 1809 em Nova York, relativamente esquecido. Seu legado permanece como símbolo do Iluminismo e da luta por governos democráticos e igualitários.

A análise do texto, escrita por Thomas Paine, contida no livro A Era da Razão levanta dúvidas profundas sobre a validade da Bíblia como a Palavra de Deus e a autoria dos livros atribuídos a Moisés. Paine argumenta que, antes de aceitarmos a Bíblia como prova de qualquer coisa, sua própria verdade e confiabilidade devem ser estabelecidas.

A Objeção Moral às Ordens Divinas

Paine foca nas narrativas de violência, como a destruição de nações inteiras e a matança de homens, ceiancas e mulheres, inclusive grávidas sendo rasgadas ao meio, afirmando que esses atos foram cometidos sob o comando expresso de Deus. Ele questiona como um Criador justo ordenaria tais atos, que são crimes segundo todas as regras de justiça moral.
Para Paine, essas passagens são "chocantes para a humanidade e para a ideia que temos de justiça moral".

Ele declara que, para ler a Bíblia sem horror, é necessário abolir tudo o que é "terno, caloroso e benévolo ao coração do homem".

A antiguidade de uma história, longe de ser prova de sua veracidade, é um sinal de seu caráter fantasioso.

A Inconsistência da Autoria de Moisés

O autor ataca diretamente a crença de que Moisés escreveu os cinco primeiros livros da Bíblia (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio). Ele apresenta pelo menos três objeções.

Estilo em Terceira Pessoa: O estilo de escrita em Êxodo, Levítico e Números usa consistentemente a terceira pessoa ("O Senhor disse a Moisés," "Moisés disse ao povo"). Isso sugere o método de um historiador anônimo falando sobre Moisés, e não ele mesmo.

O Teste da Humildade: Paine aponta para Números, capítulo 12, versículo 3, que descreve Moisés como "o mais humilde de todos os homens da Terra". Ele argumenta que se Moisés tivesse escrito isso sobre si mesmo, ele seria, na verdade, o mais "vaidoso e arrogante," e não o mais humilde.

A Prova Final em Deuteronômio: A escrita de Deuteronômio é dramática, com um narrador que introduz Moisés e depois relata o que historicamente aconteceu. O ponto mais conclusivo é o final do livro, que detalha a morte, o funeral e o sepultamento de Moisés. É impossível que Moisés tenha escrito sobre sua própria morte e sobre o fato de que "ninguém conhecia o local do seu sepulcro até então".

Para Thomas Paine, a evidência gramatical, histórica e cronológica prova que Moisés não foi o autor desses livros. Consequentemente, a alegação de que as carnificinas relatadas foram feitas sob o comando de Deus carece de confiabilidade, e é dever de um verdadeiro deísta defender a justiça moral de Deus contra as "calúnias da Bíblia.

Fonte: A Era da Razão, Thomas Paine

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